

Como avaliar dor
No homem, a forma mais acurada de mensurar a dor é o autorrelato, processo não aplicável em medicina veterinária. Embora hajam escalas consagradas para avaliar a dor em cães e gatos, que contribuíram para aumentar o uso de analgésicos nessas espécies, a maioria dos veterinários no Brasil ainda considera o seu conhecimento na área insatisfatório (LORENA, et all, 2014).
As escalas validadas internacionalmente para avaliar a dor aguda em cães são as da Universidade de Melbourne e da Universidade de Glagow. A última é bem mais simples e, pela experiência do autor, mais confiável (Quadro 1). Para gatos, a escala para avaliar a dor pós-operatória é a da Unesp Botucatu. Há exemplos de vídeos disponíveis no site www.animalpain.com.br, onde também pode-se imprimi-la (https://www.animalpain.com.br/assets/upload/escala-pt-br.pdf). Em casos clínicos, pode-se também usar a escala de Glasgow. Considerando-se que a escala anterior, já validada em gatos, é um pouco longa e inclui a pressão arterial, os autores estão desenvolvendo uma versão curta escala que será publicada em breve, mas que pode ser utilizada (Quadro 2).


Para avaliar a dor crônica de origem osteomuscular em cães, embora possa se usar escores de claudicação, estes não são confiáveis mesmo quando avaliados por veterinários experientes. Como tratam-se de alterações comportamentais mais sutis, os tutores são os melhores avaliadores. Para tal recomenda-se usar a escala de Helsinque, já validada em português (Quadro 3). Uma outra escala não diretamente relacionada a dor, mas muito útil, pode ser usada para avaliar a qualidade de vida em animais com câncer12 (Quadro 4). Sugere-se que ambas sejam respondidas pelos tutores em cada consulta ou semanalmente nas próprias residências, para que o veterinário possa acompanhar a evolução do tratamento por meio das diferenças em pontuação ao longo do tempo, comparado com a primeira consulta


Como tratar a dor com fármacos
Uma vez avaliada a intensidade e o tipo de dor, procede-se o tratamento. Por experiência e embasamento científico, as bases do tratamento farmacológico da dor aguda são os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), os opioides e os anestésicos locais
O tratamento farmacológico da dor crônica já é bem mais difícil e normalmente apenas paliativo, já que a eficácia da terapia antálgica é bem menor que na dor aguda. Veja no info pet soluções e doses para dor.
Dor Crônica
Para tratar a dor crônica, além de todas as opções anteriormente citadas para tratar a dor aguda, embora hajam poucas evidências científicas, os fármacos mais indicados são em ordem de eficácia
a gabapentina, a amantadina e a amitriptilina. A gabapentina é um gabaérgico que aumenta a síntese e reduz a degradação do GABA, bloqueia os canais de cálcio pré-sinápticos, o que reduz a liberação de neurotransmissores excitatórios e ainda atua como antagonista de NMDA, este último efeito compartilhado pela amantadina. Já a amitriptilina e outros antidepressivos tricíclicos diminuem a recaptação de serotonina e noradrenalina, por este motivo, evita-se associar com o tramadol. Como efeitos adversos, estes fármacos podem causar sedação e ganho de peso no caso da amitriptilina e gabapentina e ataxia no caso da gabapentina.
