Osteoartrite

A osteoartrite (OA) é uma afecção crônica e potencialmente debilitante, caracterizada por alterações degenerativas das articulações, apresentando alta relevância clínica tanto em humanos quanto em animais domésticos. O manejo terapêutico da OA é marcantemente desafiador, uma vez que a cura completa não pode ser alcançada. Da mesma forma, os procedimentos cirúrgicos são limitados e, muitas vezes, o manejo clínico torna-se a única forma de controlar os sinais clínicos ou minimizar a progressão das alterações patológicas. A abordagem multimodal (terapia medicamentosa, fisioterapia, acupuntura e quando possível intervenção cirúrgica) parecer ser a forma mais efetiva de tratamento, envolvendo diversas modalidades de controle dos sinais clínicos e de estabilização indireta da articulação.

O mecanismo de ação da doença se dá pela liberação de
citocinas pró-inflamatórias pelos condrócitos e células presentes
na membrana sinovial (sinóvia). Dentre essas citocinas destacamse: IL-1 (interleucina 1), TNF-α (fator de necrose tumoral alfa), IL-6 (interleucina 6), IL-10 (interleucina 10) e quimiocina MCP-1/CCL2 (BRUIN et al., 2005; FUJUTA et al., 2005; GOLDRING e GOLDRING,
2007).

Estudos recentes ainda mostram que outra linhagem celular, os condroblastos, podem produzir fatores como a IGF-1 fator de crescimento insulina-like), uPA (ativador da uroquinase plasminogênica) e PGE2 (prostraglandina E2), que poderiam
retardar ainda mais a formação de nova matriz extracelular
(TRUMBLE et al., 2004; MOGHADDAMI et al., 2013). Acredita-se que essas citocinas e quimiocinas levam à formação ou ativação de metaloproteases, que são enzimas líticas zinco-dependentes, que por sua vez conduzem à lesão celular. Além disso, ainda diminuem a produção de fator de inibição das metaloproteases (TIMP) e dos inibidores de plasminogênio. Essas substâncias causam degeneração articular, diminuindo a quantidade de agregans e remodelação do colágeno (FULLER e HIROSE-PASTOR, 2000).

Os debris osteocartilaginosos são fagocitados pelas células
da sinóvia, induzindo a liberação de citocinas e outros mediadores inflamatórios. A sinóvia inflamada, por sua vez, acelera a degradação cartilaginosa, via liberação de enzimas líticas (metaloproteases), no líquido sinovial. Os condrócitos tornam-se metabolicamente mais ativos, com núcleos hipertróficos e multiplicação celular, principalmente junto às fibrilações, formando clones de duas ou mais células. Com a evolução do processo, sobrevém falência dos mecanismos de regeneração e morte dos condrócitos, acarretando extensas regiões acelulares na cartilagem; paralelamente, ocorre morte dos condrócitos (FULLER e HIROSE-PASTOR, 2000).

Os danos oxidativos dos componentes celulares essenciais em decorrência dos radicais livres de oxigênio também é considerado mecanismo importante (HASKIN et al., 1995). Estudos epidemiológicos e observacionais sugerem que dietas deficientes
em antioxidantes podem aumentar a incidência da OA ou levar a rápida progressão da lesão (MCALINDON et al.,1998; KUTZ et al., 2002; EL- WARRAK et al., 2012). Outro componente importante
encontrado na OA é o óxido nítrico (NO). Ele é encontrado m animais com OA e é considerado mediador biomolecular catabólico. O NO tem ação catabólica sobre os condrócitos, exerce papel na inibição da síntese de colágeno e proteoglicanos, e modula a ação das metaloproteases (MURRELL et al., 1995; PELLETIER et al., 1996).

Condroprotetores

1 ) Condroitina e glucosamina

Estudos demonstraram que sulfato de condroitina fármaco reduz a dor, edema e efusão articular, com melhora da função (UEBELHART et al., 1998; MAZIERES et al., 2001). Acredita-se que essa melhora decorre de ação anti-inflamatória, por inibição da expressão da fosfolipase A2, COX-2 e concentrações de protaglandinas. Ela ainda diminui as concentrações de citocinas pró inflamatórias, como a TNF-α e IL- 1β, e concentrações sistêmicas e articulares de óxido nítrico. Pode ainda, atuar no osso subcondral, diminuindo proliferação quando exposto, nos casos onde há perda da superfície articular (MAZIERES et al., 2001; VERBRUGGEN et al., 2002; UEBELHART et al., 2004; CLEGG et al., 2006)

O sulfato de glicosamina. Seus efeitos são questionáveis (SILVA JUNIOR, 2007), entretanto, foi obtida redução de prostaglandinas e liberação de óxido nítrico em culturas de condrócitos. Quanto aos modelos in vivo, seus benefícios são pouco definidos (TIRALOCHE et al., 2005).

Em um estudo realizado por Lippiello et al. (2000), verificouse
que coelhos submetidos à transecção do LCCr e administração
de sulfato de condroitina e de glicosamina separadamente não
apresentaram melhora histológica dos parâmetros avaliados,
porém, após associação dos dois observou-se redução da
degradação articular.

2) UC-II

A administração de colágeno tipo II, fitoterápico conhecido comercialmente como UC-II, (DEPARLE et al., 2005) pode promover flexibilidade, mobilidade e suporte para as articulações, demonstrando grande eficiência na diminuição da degradação da superfície articular (DEPARLE et al., 2005; D'ALTILIO et al., 2007; GUPTA et al., 2011). A redução da lesão articular é decorrente de
diminuição da resposta imune secundária ao processo inflamatório que a cartilagem com OA está sendo submetida (DEPARLE et al., 2005). Segundo estudo de Gupta et al. (2011), verificou-se que o colágeno tipo II fornece redução significativa da dor em cães com OA. Quando combinado com a glucosamina e condroitina não
foi verificada melhora tão significativa. O tratamento com UC-II na dosagem diária de 10 mg demonstrou melhora significativa nos sinais clínicos da OA, mas foi verificada recidiva em cães 30 dias pós-tratamento, o que indica a necessidade diária e contínua do tratamento (DEPARLE et al., 2005).

Antiinflamatórios

1 - Boswellia Serrata

Um estudo aberto com cães com manifestação de doenças articulares e vertebrais mostrou que a administração de boswellia por um período de 6 semanas ajudou a reduzir o inchaço, dor local e locomoção, quando comparado com a linha de base.

2 - Diacereína

A administração de diacereína, outro agente modulador da
OA, reduziu significativamente a concentração de IL-1β (BRUIN
et al., 2005; FUJUTA et al., 2005; GOLDRING e GOLDRING, 2007).
Estudos revelaram que sua ação tem início após quatro semanas de uso, e persiste por até dois meses após o término (MARTEL PELLETIER et al., 1998; MOORE et al., 1998). Em um estudo realizado por Smith Jr et al. (1998) demonstrou-se que cães submetidos à transecção do LCCr e medicados com diacereína apresentaram evolução significativamente menor da OA quando comparados ao grupo tratado com placebo. Além disso, foi verificado que nos cães medicados, a formação de osteófitos e a exposição de osso subcondral foram menores. Pelletier et al. (2003) ainda mostram menor fragmentação do DNA dos condrócitos e diminuição da produção de óxido nítrico quando comparado ao grupo controle

3 - MSM

MSM é derivado do DMSO. O DMSO, dimetilsulfóxido, é um agente antiinflamatório, mas produz um odor desagradável. Quinze por cento do DMSO é metabolicamente convertido a DMSO2 (MSM). O MSM é uma forma natural de enxofre orgânico encontrada em todos os organismos vivos, apresentando maior concentração nos fluídos e tecidos do corpo humano. Metade do enxofre presente no organismo se encontra nos músculos, o restante distribui-se pelo cérebro, cabelos, unhas, epiderme e ossos, totalizando 0.25% do peso corporal. O enxofre é necessário à síntese de colágeno, juntamente com a vitamina B1, vitamina C, biotina e ácido pantotênico. É também muito importante na construção de aminoácidos metionina e cisteína. Acredita-se que o MSM alivia a dor por diversos mecanismos de ação. Pode inibir a transmissão de impulsos da dor ao longo das fibras nervosas do tipo C, aumentar o fluxo do sangue, e reduzir os espasmos musculares. Além disso, MSM age como um agente antiinflamatório, uma vez que, ele aumenta a permeabilidade das células, tornando mais fácil a excreção de "lixo" por elas, sendo assim absorvem mais facilmente os nutrientes. A dor é geralmente causada por acúmulo de toxinas nas articulações, músculos e fluídos do corpo, sendo o MSM um poderoso detoxificante.

4 - Extrato de yucca

Produtos a base de Yucca vem sendo utilizados por muitos anos para amenizar os efeitos da artrite, por povos nativos da america e pela industria de nutraceuticos.  O único estudo para os efeitos anti-artrite da yucca foi realizado por BINGHAM, que reportou que os sintomas de dor e inchaço em pacientes humanos foram aliviados pelo consumo de comprimidos de yucca.

Adjuvantes metabólicos

1 - Minerais

Os minerais quelatados possuem a vantagem de serem melhor biodisponíveis (até 90% de absorção, contra 10 a 20% dos minerais inorgânicos), sem interferirem na absorção de outros nutrientes, sem possuírem efeitos colaterais.

A) Cobre quelato: O mineral cobre desempenha um papel singular na respiração. A proteína hemoglobina carrega a maior parte do oxigênio do sangue e conta com o cobre e o ferro para sua síntese e funcionamento. O cobre também participa da produção de colágeno, a proteína responsável pela integridade funcional de ossos, cartilagens, pele e tendões; da elastina, a principal proteína responsável pelas propriedades elásticas dos vasos sanguíneos, pulmões e pele; do neurotransmissor noradrenalina, uma molécula-chave para o funcionamento do sistema nervoso; e da formação de melanina (pigmento encontrado na pele e nos cabelos). O Cobre foi identificado como um elemento essencial para aumentar a resistência ao stress e às doenças. Ele desempenha um papel primordial na saúde e no funcionamento adequado de cada célula do organismo. 

O cobre é indicado para suprir as deficiências em formulações gerais e como adjuvante nos tratamentos anti-inflamatórios, hipercolesterolemia, anemias hipocrômicas, benéfico contra algumas formas de artrite reumatóide, possui potente ação antioxidante pela sua participação, juntamente com o zinco, na molécula de superóxido dismutase (combate os radicais livres que cardiovasculares. Deste modo, explica-se o aumento do potencial terapêutico das substâncias antiinflamatórias quando são utilizadas juntamente com o Cobre.

B) Magnésio quelato: possui ligação com duas moléculas de glicina (aminoácido), o que potencializa seus benefícios proporcionando uma maior absorção e aproveitamento do magnésio pelo organismo. O magnésio é importante no processo de metabolização do Cálcio, da Vitamina C, Fósforo, Sódio e Potássio, sendo muito utilizado como suplemento por pessoas que não conseguem suprir suas necessidades diárias desse composto através da ingestão alimentar. Participa do processo de fixação do cálcio nos ossos, contribuindo para o fortalecimento ósseo. Além disso, promove efeito analgésico natural, auxiliando na redução da dor, recuperação muscular e melhora do desempenho durante a atividade física. O magnésio é vital para saúde do tecido muscular e nervoso.

C) Manganes quelato: sabe-se que está ligado a função de diversas enzimas como a superóxido desmutase mitocondrial, arginase, fosfoglicomutase, colinesterase, beta-ceto descarboxilases oxidativas, certas peptidases e ATPase muscular. Seu papel na artrite reumatóide vem da ação das enzimas de que faz parte, que entram na sintese de colágeno, ácido hialurônico e de outros constituintes das cartilagens das articulações. A deficiência de Manganês em animais provoca esterelidade e degeneração testicular irreversível, incapacidade das fêmeas em amamentar, reabsorção do feto ou nascimento de animais fracos, atáxicos e de tamanho reduzido.

É usado nas concentrações de 10 a 20mg de manganês elementar ao dia, para suprir as deficiências dietéticas e em processos degenerativos crônicos como a degeneração de discos vertebrais 

D) Zinco quelato: O mineral zinco está presente em todas as partes do corpo e tem múltiplas funções. Ajuda a curar ferida e é componente importantíssimo de muitas reações enzimáticas. O zinco é vital para o funcionamento saudável de muitos sistemas do organismo. É especialmente importante para a saúde da pele e essencial para um sistema imunológico saudável e para a resistência a infecções. O zinco tem várias funções. Seu papel é crucial no crescimento e na divisão das células, quando é necessário na síntese de proteínas e de DNA, na atividade da insulina, no metabolismo dos ovários e testículos e no funcionamento do fígado. Como componente de muitas enzimas, está ligado ao metabolismo de proteínas, carboidratos, lipídios e energia. Acredita-se que a suplementação de zinco possa auxiliar no tratamento de problemas de pele como acne e eczema, problemas da próstata, anorexia nervosa, alcoolismo e possa ajudar pessoas que sofreram traumas ou passaram por cirurgias.

2 - Omega 3

EPA e DHA são acidos graxos capazes  de parcialmente inibir muitos aspectos da inflamação. 

3 - Vitaminas

a) Vitamina C

Atua como coenzima e, sob determinadas condições, como agente redutor e antioxidante. Além potencializar o efeito do MSM, há relatos de que sua associação com condroprotetores é benéfica para redução do processo inflamatório.

b) Vitamina E

Prevenção do envelhecimento celular, e tratamento de estados carências de vitamina E, antioxidante. Necessária à conservação dos músculos, à integridade do SNC e à desintoxicação dos tecidos. É eficaz na prevenção de doenças cardiovasculares,